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Sentindo as dores do comércio exterior

Renan Diez, diretor na Intervip Comércio Exterior compartilha neste texto, algumas das dores sentidas pelos profissionais no comércio internacional.

Sentir a dor do cliente. Uma habilidade fundamental para qualquer empresa que busca sucesso em seus negócios. Tal capacidade significa mais do que entender as necessidades e os desejos do cliente final. Sentir a dor do cliente não se trata apenas de identificar suas dores, isso é o básico. Sentir a dor do cliente vai além de escutá-lo ou compreender seu negócio sob a perspectiva dele. Tudo isso pode ser feito, sem sentir a dor do cliente.

Sentir a dor também é diferente de vestir a camisa. É essencial vestir a camisa do cliente, demonstrar disposição em brigar por ele e enfrentar os desafios e os obstáculos em nome dele nas rotinas do dia a dia com determinação e firmeza, mas, isso também pode ser feito sem que, de fato, a dor do cliente seja sentida.

Apesar de ser uma qualidade, tal capacidade também não deixa de ser uma carga emocional, quando analisamos o impacto e o peso que as responsabilidades podem exercer sob os profissionais. Uma carga emocional excessiva pode levar a problemas de saúde mental, como burnout, depressão e ansiedade. É importante entender esse comportamento e manter a sensação de dor pelos problemas do seu cliente dentro de um limite saudável e que seja despontado como um benefício tanto para o cliente quanto para o profissional que presta o serviço.                

O estresse no comércio exterior faz parte da rotina. Por mais que os processos sejam bem coordenados e planejados, situações adversas estão sempre sujeitas a ocorrer. No comércio exterior são muitos os intervenientes em cada etapa do processo, desde a coleta e carregamento de uma mercadoria no exterior até a sua entrega no importador. Portanto, em cada etapa temos steakholders diferentes, dependemos de empresas, de pessoas, da política, da economia e até mesmo do clima.

Para Renan Diez, diretor na Intervip Comércio Exterior: “o comércio exterior é uma área de muita instabilidade por diversos motivos. Flutuações nas taxas cambiais, mudanças nas políticas comerciais, tarifas e acordos comerciais, tudo isso pode alterar significativamente as condições de mercado. Neste mesmo sentido, eventos geopolíticos e econômicos, conflitos armados, sanções comerciais, crises financeiras e a política mundial. Tudo isso afeta o comércio internacional. Situações destas naturezas podem levar a interrupções na cadeia de suprimentos, dificuldades no cumprimento de contratos e alterações imprevisíveis nas condições de mercado. Além disso, a volatilidade nos preços das commodities também causam grande impacto no comércio exterior”.

A soma de todos esses fatores combinados tornam o comércio exterior uma área de muita instabilidade e incerteza, mas, por outro lado, sabemos que estabilidade não existe. Todas as áreas têm suas dores, suas incertezas e suas preocupações.

O profissional de comércio exterior, especialmente os que sentem as dores de seus clientes, convivem no dia a dia com uma série de problemas específicos da nossa profissão. Situações como parametrizações em canais amarelos e vermelhos, ou as raras vezes, mas tão temidas parametrizações em canais cinzas. Situações de demurrages, cobranças abusivas de armazenagens, extravios ou danos significativos das mercadorias durante a logística internacional. Citamos também a complexidade que muitos importadores sofrem para terem sua habilitação no Radar na modalidade ilimitada. Além de situações como greves e paralisações fiscais, que acabam por atrasar as liberações aduaneiras com determinada frequência. Neste ponto específico, a urgência é outro caso problemático. Praticamente, todas as cargas são nomeadas como urgentes, cada atraso de navio, voo, blank sailing, overbooking, transbordo, geram situações estressantes no dia a dia.

O Brasil é conhecido por seu povo feliz, somos um país de festa e de calor humano. Porém, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), O Brasil é o país mais ansioso do mundo e o 5º mais depressivo.

Para Diez, “sentir a dor do cliente é extremamente importante no comércio exterior. O profissional que sente as dores do seu cliente costuma buscar soluções e proceder com a resolução de problemas de forma mais rápida e assertiva”. Porém, o profissional complementa que é preciso a utilização de boas práticas e ferramentas nas relações de trabalho, a fim de que o os profissionais consigam manter uma boa saúde mental e emocional. Entender os limites da absorção dos problemas é fundamental para encontrar o melhor ponto de equilíbrio.

E você, profissional de comex, nos conte as suas principais dores já sentidas na rotina do seu dia a dia no comércio exterior brasileiro. Você sente as dores do seu cliente? Como isso te afeta no trabalho?

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